Um dos maiores méritos de DComposição é se propor a responder aquelas perguntas que todos nós já fizemos ao menos uma vez ao ler um quadrinho de super heróis: o que aconteceria com a gente se eles estivessem do outro lado da batalha? O que acontece quando o poder absoluto dos deuses se voltam contra aqueles que juraram proteger? 

É isso que descobrimos quando, em um universo paralelo, após os eventos que marcaram o arco de A Guerra de Darkseid, nos Novos 52, a Liga da Justiça derrota e bane o vilão de volta para Apokolips. Darkseid, por sua vez, afirma já ter conseguido o que queria e vai embora, deixando todos confusos quanto sua real intenção com o ataque.

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DComposição – Volume 01 | Editora Panini Comics (2020)

Pouco tempo depois, Batman percebe que Cyborg foi levado da galáxia e desconfia de que algo está prestes a acontecer. Ao mesmo tempo, descobrimos que Victor foi levado para Apokolips e está sendo submetido a uma espécie de “experimento” que pode ser a chave para encontrar a tão almejada equação antivida, capaz de colocar todos os seres do universo aos pés de Darkseid.

Entretanto, ao combinar sua caixa materna que continha metade da equação antivida com a outra metade presente no corpo do Cyborg, além do sangue de uma das divindades da Morte (elemento adicionado para evitar a morte do hospedeiro) o Déspota criou algo diferente, uma nova equação antivida, um vírus. Um vírus tecnorgânico capaz de infectar seres vivos por meio do contato com o sangue contaminado, mas também podendo ser espalhado por meio da internet e redes sociais. Um vírus modificado, cujo seu objetivo não é mais criar escravos, e sim, acabar com toda a vida existente.

Depois de infectar Darkseid, que destrói seu próprio planeta, e ser enviado de volta para a Terra trazendo o agente patogênico em seu corpo, Cyborg é dissemina a doença na internet  e faz com que, em pouco tempo, mais de 600 milhões de pessoas sejam contaminadas pela nova equação antivida.

Dessa vez, nem os heróis estão imunes. Ninguém está a salvo.

DComposição vol. 1, de Tom Taylor e Trevor Hairsine

DComposição não chega a ser uma ideia nova no mercado de quadrinhos. Na verdade, sua publicação só evidenciou a demora que a DC Comics teve em lançar uma série ambientada em um universo de zumbis, visto que a concorrente publicou Zumbis Marvel há mais de 17 anos, em 2006. Além disso, entre 2013 e 2019 houve o lançamento de um dos maiores fenômenos desse subgênero do horror com o longevo The Walking Dead, também de Robert Kirkman, mas dessa vez pela Image Comics. Portanto, não é nenhum absurdo dizer que a publicação não chega a ser uma obra inovadora e revolucionária. 

Mas é inegável que essa “demora” para uma resposta editorial tenha sido um principais fatores para o seu sucesso, já que a espera pela equipe criativa certa fez muita diferença para o argumento, que poderia ser só mais uma história esquecível. Aqui, o desenvolvimento de uma boa trama, com ideias interessantes, resultou num material muito divertido e surpreendente.

O roteiro de Tom Taylor (@tomtaylormade), responsável por quadrinhos como Injustiça: Deuses Entre Nós e Terra 2, parte de um conceito famoso dentro do universo DC, que é a equação antivida e a jornada de Darkseid para conseguir esse poder. Essa premissa não só ajudou a dar dinâmica para a história, por ser um conceito já formado e consagrado entre os leitores, como também deixou os acontecimentos mais plausíveis, uma vez que a criação do vírus biológico/digital não foi proposital e, consequentemente, não há nenhum plano maléfico por trás da infestação.

Isso é bacana, justamente, por permitir mais situações imprevisíveis, como a contaminação de heróis importantes e que seriam peças-chave para encontrar uma solução para o vírus. Claro que acaba sendo uma maneira dos autores darem uma nerfada na situação e tirar de jogo personagens que desequilibraram a narrativa. Porém, mesmo esse recurso é bem usado e você compra a ideia de que ninguém está seguro.

O desenvolvimento narrativo é bom e fica claro o motivo de cada passo dos heróis remanescentes para conseguir salvar as pessoas. Com isso, quero dizer que as ações não ficam soltas como se o texto quisesse enrolar o leitor. Todas as missões das equipes são coerentes e fazem parte de um plano de contenção da disseminação do contágio, que acaba sendo o objetivo principal desse primeiro volume, já focar apenas na busca de uma cura poderia levar muito tempo sem recursos essenciais, como a própria internet.

As justificativas que aparecem neste primeiro volume de DComposição são muito bem amarradas e em nenhum momento você fica incomodado com uma possível “forçação de barra”. O único ponto que acaba deixando a desejar é a correria com que muitas coisas acontecem, incluindo planejamentos que levariam dias, mas acabam sendo acelerados pela conveniência do roteiro. Nesse aspecto, a minissérie poderia ter sido estendida para trabalhar melhor certas situações.

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Se o roteiro é digno de nota neste volume, a arte, por sua vez, não me impressionou tanto. Não que os desenhos de Trevor Hairsine, desenhista de Cla$$war e Captain America: The Extremists, e Stefano Gaudiano (@gaudianoart), artista que trabalhou com The Walking Dead, sejam ruins, longe disso, mas não me parecem acompanhar o tom do texto.

Em alguns momentos, principalmente na primeira edição, os desenhos seguem uma estética mais cartunista, com traços mais grossos e cores vibrantes, que acabaram me tirando um pouco da tensão que o texto tentava proporcionar. Engraçado é que a partir da segunda edição, há uma mudança visível na arte, que fica um pouco menos cartunizada, mas ainda com alguns desenhos mais puxados para essa estética. 

A arte da edição especial “Um bom dia para Morrer” também seguem o mesmo padrão, apesar de mudar a equipe criativa – sendo produzida por Laura Braga (@laura_braga.art), desenhista de Dark Crisis: Young Justice, e Darick Robertson (@darickwr), co-criador de The Boys . Entretanto, como já ouvi muitos elogios sobre a arte de DComposição, aproveito para reforçar aqui que essa é a minha opinião e pode ser que você curta mais do que eu.

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Em relação à publicação da Panini Comics, temos um material capa dura, com 240 páginas e que, infelizmente, está esgotado e sem previsão para republicação. Sendo assim, quem tiver interesse em procurar a minissérie para ler nesse halloween, poderá encontrá-la pelo nome de DCesso, na internet ou ler a versão em inglês que está disponível no Kindle Unlimited. Importante lembrar que a assinatura tem o valor mensal de R$19,90, mas os três primeiros meses são gratuitos para novos assinantes. Se quiser saber mais, acesse o site da Amazon.

Se você não tem o inglês fluente, ,as consegue se virar com o básico, vai na fé, pois a leitura é bastante acessível. Vai conseguir tirar de letra.

Agora, se por acaso, os planos da editora mudarem no futuro, saibam que vale bastante a pena o encadernado – desde que, por um preço justo. O preço de capa das edições seguintes tem beirado os R$80, o que eu considero bastante caro para uma série paralela, publicada fora do país em capa cartão e edições individuais. Mesmo os extras com capas alternativas inspiradas por clássicos do horror no cinema e um esboço do roteiro, por Tom Taylor, ainda não justificam esse valor, no meu ponto de vista.

Portanto, vai aguardar a republicação? Fique esperto e procure por promoções para poupar um bom dinheiro.


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Nota
dcomposicao-volume-01<b>Título:</b> Dcomposição - Volume 01<br> <b>Autores:</b> Tom Taylor, Trevor Hairsine, Stefano Gaudiano, Rain Beredo<br> <b>Editora:</b> Panini Comics<br> <b>Páginas:</b> 240 páginas<br> <b>Gênero:</b> História em quadrinhos; Horror<br> <b>Ano de publicação:</b> 2020<br> <b>Classificação Etária: </b>12 anos