Ao ser enviado de volta para a Terra portando o vírus da Antivida, Cyborg se conecta a internet e, rapidamente, contamina milhões de pessoas com uma nova e fetal doença que às transforma em zumbis com o único objetivo de acabar com toda a vida do planeta – o que, obviamente, inclui os principais vilões e anti-heróis do universo DC, como o Exterminador que, durante uma missão para matar um grupo neonazista no Kentucky, é contaminado depois de olhar para uma tela de celular.

Entretanto, após perder o controle de seu corpo durante um dia inteiro, recobra a consciência no meio do caos de Gotham e se surpreende ao perceber que seu fator de cura é capaz de eliminar o vírus do seu corpo por completo

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A partir desse ponto acompanhamos dois arcos diferentes de sobreviventes, sendo o primeiro composto pelo mercenário e sua filha, Devastadora, que se encontram com um grupo de vilões liderado por Vandal Savage, e o segundo com foco em uma equipe formada pelo Capuz Vermelho, o cachorro da Bat Família, Ás, o comissário Gordon e a Batgirl da Cassandra Cain. De alguma forma, esses dois núcleos se encontram e acabam tendo que deixar suas diferenças de lado para resistir conta a ameaça zumbi, ao mesmo tempo em que tentam proteger mais de 40 crianças presas em um orfanato em Blüdhaven. 

DComposição Vol. 02: Duros de Matar, de Tom Taylor e Karl Mostert

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DComposição Vol. 02 : Duros de Matar  | Editora Panini Comics (2021)

Como deu para perceber, DComposição Vol. 2: Duros de Matar tem um enredo bem menos ambicioso do que a minissérie anterior. 

Por mais que eu não tenha gostado tanto desse spin off como curti DComposição, acredito que a ideia de mostrar a perspectiva dos vilões sobre o caos do apocalipse zumbi foi muito boa, pois, além de ter um arco paralelo revelando o que aconteceu com os personagens não mencionados na história principal, também é possível explorar uma nova abordagem para o mesmo universo, aplicando uma dinâmica de equipe diferente, mas igualmente curiosa – uma vez que boa parte deles não possuem poderes ou não são tão fortes quanto os heróis da Liga da Justiça.

Essa mudança de narrativa conseguiu deixar o quadrinho ainda mais parecido com filmes do gênero como Zumbilândia e Army of the Dead, o que acaba sendo divertido, de modo geral, justamente por incrementar mais elementos de ação nos confrontos e até comédia em diversas cenas. Entretanto, a minissérie sofre do mesmo problema que apontei na resenha do volume 01: um roteiro tão corrido que acaba tendo que se apoiar nas muletas da conveniência para fazer a trama fluir. E nesse caso é ainda mais evidente o uso desse recurso, porque os pontos de virada mais importantes da trama só acontecem depois que os personagens estão preparados para enfrentar os inimigos. Sem falar nos que o argumento do Tom Taylor (@tomtaylormade) quebra as próprias regras estipuladas para as criaturas só para que o perigo se torne maior, mais alarmante.

+ Crítica | When Evil Lurks, de Demián Rugna (2023)

Apesar de ser um problema que eu enxergo com certa frequência em narrativas do autor, não acredito que a culpa seja totalmente do seu texto – pelo menos, não neste volume. Acontece que o spin off tem apenas três edições (compiladas no encadernado capa dura da Panini). Se a minissérie original, que teve seis edições e um especial, já teve um argumento apressado, imagina uma história com metade das páginas. DComposição Vol. 2: Duros de Matar é um exemplo claro de quadrinho que precisava de mais tempo para desenvolver uma narrativa mais madura.

A arte do Karl Mostert (@kamo_1981) também deixou a desejar. Apesar de ter um traço bacana, que combina com a proposta do gibi, os desenhos seguem bem o padrão de mensais; sem grandes destaques. Mesmo em momentos importantes, como a sequência final, a arte é bastante simples.

Outro ponto que prejudica os desenhos é a escolha editorial da DC focar em uma classificação etária mais baixa, algo que aumenta o alcance de um público mais jovem, mas impede o desenhista de exagerar na brutalidade e no gore das páginas, tendo que se conter e limitar a pequenos arranhões e cortes limpos de sangue EM UMA HQ DE ZUMBIS. Nesse aspecto, o leitor sai com aquele gostinho amargo de que podia ser mais.

DComposição Vol. 2: Duros de Matar não é espetacular, mas acaba divertindo o leitor que gostou da minissérie principal, mas sentiu falta de uma coisa mais “pé no chão” ou mesmo aqueles que gostam de um bom filme de zumbis para passar o tempo. 

A edição da Panini compila os três volumes de Dceased: Unkillables, em 136 páginas, conta com algumas capas variantes como extra no final do encadernado e está custando aproximadamente R$52,90 em sites como a Amazon.

Como está fora de catálogo na Panini, é importante garantir o seu enquanto há estoque, pois não há previsão de republicação desse material (posso até estar errado, mas isso tem cara de republicação em formato omnibus num futuro).


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Nota
dcomposicao-vol-2-duros-de-matar<b>Título:</b> Dcomposição Vol. 02: Duros de Matar<br> <b>Autores:</b> Tom Taylor, Karl Mostert<br> <b>Editora:</b> Panini Comics<br> <b>Páginas:</b> 136 páginas<br> <b>Gênero:</b> História em quadrinhos; Horror<br> <b>Ano de publicação:</b> 2021<br> <b>Classificação Etária: 12 anos</b>