Impossível negar que nos últimos três anos o mundo teve a redescoberta de um dos maiores autores de mangás de horror da história. Se antes pouca gente conhecia as obras de Junji Ito, hoje com os novos lançamentos de suas obras como Tomie ou mesmo adaptações como o anime Histórias Macabras do Japão, lançado pela Netflix, é mais difícil encontrar alguém que ainda não saiba quem é mangaká.
É óbvio que essa explosão gerou um enorme interesse nacional em trazer suas publicações para o Brasil e, a cada lançamento anunciado, a expectativa dos leitores só aumenta. Vênus Invisível – Coleção de Histórias Curtas: o Melhor de Junji Ito foi um dos responsáveis por elevar esse hype. O mangá lançado originalmente em 2020, no Japão, chegou aos EUA no ano seguinte, concorrendo e ganhando o prêmio Eisner na categoria de melhor artista. Em 2022 a editora Devir anunciou que o traria para cá também e assim foi feito.
Vênus Invisível – Coleção de Histórias Curtas: o Melhor de Junji Ito
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A pré-venda do mangá começou em agosto e tinha previsão de chegar às lojas no final de setembro, mas por algum motivo, o lançamento atrasou e o envio das cópias só rolou em dezembro de 2022 – um dos pontos que deixou muitos leitores pistolas, pois estavam doidos para saber se essa era a melhor obra do autor, como o marketing japonês já pregava antes da distribuição em outro países.
De qualquer forma, agora temos o Vênus Invisível em mãos e, para adiantar, essa pergunta deixo claro que eu não acho que seja a melhor obra de Junji Ito. Na minha opinião, esse título ainda fica entre Uzumaki e Tomie, histórias longas onde ele tem bastante tempo para apresentar suas ideias e viajar em seus conceitos mirabolantes.
Mas isso não significa que o título seja ruim ou o autor não tenha competência escrevendo contos. Muito pelo contrário. Vênus Invisível – Coleção de Histórias Curtas é um excelente mangá, com histórias fantásticas, ideias horripilantes e desenhos maravilhosos que só podiam ter saído das mãos de alguém genial como Junji Ito.
Apesar de ter alguns contos mais lentos e menos impactantes, incluindo o próprio Vênus Invisível (nem sei não sei por quê o escolherem para dar o nome ao mangá), o saldo geral é bastante positivo.
No total, são 10 contos, sendo três deles baseados nas obras de Edogawa Rampo (A Poltrona Humana e Uma Paixão que não é deste Mundo) e Robert Hichens (Como o Amor veio ao professor Kirida), além de um autobiográfico, que não necessariamente apresenta elementos de horror, mas conta a relação de Junji Ito com Kazuo Umezu, uma das suas principais inspirações no gênero.
Justamente nesse aspecto reside a minha principal crítica, visto que, tanto pelo lado positivo quanto pelo negativo, essas são as histórias menos “Junji Ito” da coletânea. A adaptação pode ser formidável, mas ainda assim, é baseada em outra obra e, ao meu ver, não podem ser colocadas como o melhor do autor.
Independentemente disso, tem muita qualidade nas histórias e valem a pena serem lidas. Sim, você pode comprar Vênus Invisível em paz que vai gostar do que vai ver.
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O segundo ponto que eu vi muita gente comentar foi sobre a qualidade da edição da Devir. Sinceramente, esse é um aspecto que vou deixar mais de lado, futuramente, por vários motivos, mas o principal deles é que deixa o texto enorme e prejudica na leitura.
Nesse caso, vou abrir uma exceção, pois havia muitos comentários negativos sobre a publicação, sendo grande parte deles bastante injustos. Comparativos com outra editora são naturais, ainda mais quando o autor está ganhando publicações regularmente, entretanto, isso não significa que as escolhas da Devir são ruins.
Vênus Invisível chegou quase no mesmo formato que as edições japonesa e americana, com algumas poucas alterações em sua capa/contracapa interna, disposição e cores no texto da sobrecapa e na escolha da capa cartão ao invés da capa dura – escolha essa que ajudou a manter o mínimo de padrão que a editora emprega na sua coleção do autor. De resto, tudo é essencialmente igual, incluindo páginas coloridas em alguns contos e distribuídas aleatoriamente durante o mangá – uma falta de padrão que, confesso, me deixou confuso, mas ainda assim igual ao original.
O único apontamento do meu lado que acho válido ser feito é sobre um pequeno erro em um balão de fala que acabou comendo uma preposição, mas nada que atrapalhe a leitura e não possa ser corrigido em uma futura reimpressão.
Minha conclusão: não caia nessas besteiras. A edição está belíssima, de alta qualidade, páginas coloridas e uma boa tradução. Só não espere padrão na lombada, já que a Devir olha para isso e simplesmente taca um foda-se gigantesco,
Fazer o quê? Nós, lombadeiros, sofremos.
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