Após receberem um misterioso convite oferecendo respostas para as questões mais obscuras das suas vidas, Danny Ketch, Logan e Frank Castle se encontram acidentalmente na pequena cidade de Christ’s Town para investigar a situação.
Ao se hospedarem na única pensão da região e conhecerem a anfitriã Flo e sua jovem filha Lucy, os heróis descobrem que sua convocação faz parte de um plano do vilão Coração Negro para tentar matar o seu pai, Mefísto – algo que somente seria possível com a ajuda desses três guerreiros capazes de cruzar os limites da moralidade.
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Mesmo sob as promessas de solucionar suas dores e ainda potencializar os seus poderes, todos recusam ajudar a entidade, fazendo com que ela se voltasse contra a cidade e coloque todos os habitantes numa espécie de transe mental. Sem alternativas, Motoqueiro Fantasma, Wolverine e Justiceiro são obrigados a passar por um inferno para impedir que aquelas pessoas sofram com as ações da criatura das trevas.
Motoqueiro Fantasma, Wolverine, Justiceiro: Corações Sombrios – Marvel Vintage, de Howard Mackie, John Romita Jr. e Ron Garney
Quando eu vi esse quadrinho em promoção, admito que até fiquei animado com o que poderia vir pela frente, mesmo nunca tendo escutado falar dessa minissérie. Consegui ficar ainda mais surpreso ao descobrir que o encadernado da Panini compila dois arcos fechados com esses personagens: Ghost Rider/Wolverine/Punisher: Hearts of Darkness, de 1991, e Ghost Rider/Wolverine/Punisher: The Dark Design, publicado originalmente em 1994. Entretanto, foi só começar a ler que entendi o motivo de nunca ter escutado falar sobre essas obras.
Motoqueiro Fantasma, Wolverine, Justiceiro: Corações Sombrios é mais um material da Panini sob o selo Marvel Vintage e chega para incorporar essa coleção que tem o propósito de relançar quadrinhos publicados até os anos 2000, num formato mais luxuoso, com capa dura, lombada quadrada e a adição de alguns extras.
Uma roupagem bonita para esse projeto que tem uma boa equipe criativa, ideias interessantes, uma arte incrível (pelo menos, por parte do Romita Jr.), mas que tem uma execução bastante aquém- semelhante ao que foi feito em Wolverine e Gambit: Vítimas.
Se você leu a crítica, sabe que eu tinha certas expectativas para o trabalho da dupla Jeph Loeb e Tim Sale que acabaram por não se cumprir. Acredito que Corações Sombrios seguiu pelo mesmo caminho, desperdiçando sacadas interessantes, um vilão extremamente poderoso e um encontro de personagens icônicos para contar uma história fraca e sem grandes méritos. A sensação é de que focaram muito nas oportunidades visuais e seguiram com o rascunho do argumento; o que manteve o texto em uma camada bastante inicial.
É natural esperar um quadrinho minimamente divertido quando se vê os personagens que estão à disposição de uma baita equipe criativa como a que estamos falando. Entretanto, infelizmente, não é o que encontramos no material final.
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Em relação à trama, posso assegurar que Corações Sombrios não apresenta nada de muito especial. Na própria introdução dessa resenha já resumi toda a história do primeiro arco que, honestamente, é bastante dispensável e não aproveita o potencial que tem em mãos.
Quando se fala em Motoqueiro Fantasma, Wolverine e Justiceiro a primeira coisa que vem à cabeça é a carnificina que esses caras promovem por onde passam, e uma reunião deles deveria ser absolutamente devastadora. Aqui não temos nada disso – para ser sincero, acredito que nem seja a proposta do material, até porque, o quadrinho tem uma classificação indicativa de 12 anos. Mas, convenhamos, não é isso que a gente quer ver neste tipo de gibi.
E se os heróis são mal utilizados, o vilão nem se fala. O Coração Negro é um baita personagem que possui poderes extremamente fortes, como cura sub-molecular, geração de vários tipo de de energia, alteração de estrutura física, força superior a do Hulk, entre muitos outros. Aqui, porém, ele não é capaz de sair no soco com o Motoqueiro Fantasma no seu próprio território, onde, em teoria, deveria ser ainda mais poderoso.
Se for ler esse quadrinho, vá com uma informação na mente: o personagem foi nerfado descaradamente, sem propósito – a não ser, pela clássica conveniência narrativa.
Outro ponto que ajudou bastante a aumentar a expectativa é o fato de ter sido a primeira vez que John Romita Jr. desenhou o Motoqueiro Fantasma (que, a propósito, ficou espetacular em seu traço). Porém, o argumento fraco e a narrativa limitada de Howard Mackie deixa tudo desinteressante, raso e, até mesmo, chato.
E no segundo arco as coisas conseguem ser ainda piores, pois, além da falta de desenvolvimento para a história, também é notório que não havia motivo para existir uma segunda parte. E com isso, quero dizer que, durante a leitura você sente que a história só foi feita com intenções comerciais, uma vez que o nome desses personagens vende.
Sua trama se passa anos depois, naquela mesma cidade, onde o vilão conseguiu dominar a população e transformá-la em criaturas infernais que passam a caçar Lucy – agora mais velha . Depois de receberem sinais telecinéticos da garota (sim, ela descobre ter poderes), os três voltam a se reunir para tentar eliminar a ameaça de uma vez por todas.
Se o primeiro arco é dispensável, o segundo é irritante. Tem um plot péssimo, justificativas incoerentes e um final extremamente clichê. É uma leitura dispensável.
De todo o material, a arte é o ponto mais forte, mas vale dizer que esse tópico não será unanimidade, ainda mais tendo dois artistas produzindo diferentes fases dos personagens. Quem curte o traço clássico do Romitinha, característico dos anos 1990, com certeza, vai adorar ver o trabalho do artista na reunião desses personagens brutais que, mesmo sem grande violência gráfica, ainda conseguem arrancar aquele suspiro em suas cenas de ação ou splash pages cheias de detalhes e expressividade.
Já o arco desenhado Ron Garney não consegue ter o mesmo impacto. Sua arte também é satisfatória, mas o traço procura se aproximar daquela “tendência” Image Comics que teve na época, com personagens mais brucutus, muitos músculos e armas para todos os lados.
Inclusive, tem um detalhe em seu Wolverine que me deixou bastante incomodado durante a leitura. Por algum motivo, o personagem tem uma coloração vermelha em seus olhos – e que fica mudando a cada página. Dá para entender que a trama tem um tom mais sombrio, se passando à noite, com ambientes pouco iluminados e vilões tirados diretamente de uma revista dos Youngblood, porém, esteticamente, fica bizarro. Nas primeiras páginas fiquei com a sensação de que o personagem estava possuído por alguma entidade que viria se revelar no decorrer da história, mas depois entendi que se tratava só de uma escolha criativa meia questionável.
Realmente, vai de pessoa para pessoa. No meu caso, não curti muito e achei que destoa da primeira minissérie. Ainda fico com o trabalho do Romitinha.
Motoqueiro Fantasma, Wolverine, Justiceiro: Corações Sombrios é um material abaixo da média que não consegue desenvolver uma história satisfatória em nenhum dos seus dois arcos e se contenta na superficialidade. Se há ao menos um motivo que justifique a leitura do encadernado de 112 páginas é a arte extremamente competente e saudosista de John Romita Jr.
Entretanto, por um gibi com o custo de R$ 44,90, acredito que vale a pena esperar uma promoção ou mesmo, buscar online outras maneiras de ler esse antes de desembolsar a grana.
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