Um serial killer está à solta nas ruas de Londres, caçando e matando jovens mulheres nas frias noites da cidade. Os cortes em suas cinco vítimas seguem um padrão não-convencional de lâminas e a brutalidade das mortes desperta um antigo medo na população que ainda se recorda bem dos atos de Jack, O Estripador.

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A investigação da polícia vinha sofrendo para encontrar pistas e, por isso, a detetive Alexandra Davies estava atuando disfarçada até se tornar a quinta vítima do assassino. Sua morte despertou a atenção de um antigo amigo; Gambit, que decide ajudar a solucionar o caso. 

Mas as coisas se complicam ao descobrir que outro X-man também está envolvido na história. Sem saber como chegou em Londres ou ter alguma explicação plausível do motivo de estar no local de crimes, Wolverine é encontrado coberto de sangue, prestes a atacar outra mulher, fazendo o Cajun acreditar que o colega perdeu o controle e deu lugar ao seu lado animal. 

Agora, os dois precisam descobrir até que ponto Logan está envolvido nos homicídios e o que aconteceu com sua mente e lembranças. Somente assim, o herói será capaz de descobrir se realmente é inocente ou não.

Wolverine e Gambit: Vítimas – Marvel Vintage, de Jeph Loeb e Tim Sale

Quando a gente fala de Jeph Loeb e Tim Sale é inevitável associar os nomes a grandes clássicos dos quadrinhos, como As Quatro Estações, O Longo Dia das Bruxas, Vitória Sombria, Quadrilogia das Cores, entre outros. 

É praticamente impossível pensar nessa dupla criativa e imaginar que exista algo ruim dentro dos seus projetos. Mesmo aqueles de menor expressão são considerados ótimos e leituras quase obrigatórias para personagens da Marvel e DC. Porém, recentemente comprei o Wolverine e Gambit: Vítimas, publicação da coleção Marvel Vintage, e admito que encontrei um ponto fora da curva na carreira desse time.

Wolverine e Gambit: Vítimas - Marvel Vintage - Jeph Loeb e Tim Sale | Capa Panini Comics (2021)
Wolverine e Gambit: Vítimas – Marvel Vintage – Jeph Loeb e Tim Sale | Capa Panini Comics (2021)

Wolverine e Gambit: Vítimas – Marvel Vintage | Panini Comics (2021)

A primeira coisa que precisamos pontuar é que a trama em si é um clichê – ou, pelo menos, disserta de um tema bastante batido nos quadrinhos e na cultura pop, em geral. Mesmo em 1995. 

Para se ter noção, nessa época, o mercado já contava com inúmeras obras literárias abordando a persona de Jack, O Estripador. A própria Marvel já tinha uma criatura inspirada no serial killer e, ainda dentro dos quadrinhos, os leitores já haviam se deslumbrado com o trabalho minucioso da pesquisa histórica feita por Alan Moore em Do Inferno, de 1989

Isso sem falar de todas as referências em filmes, personagens inspirados, músicas e todo tipo de material possível abordando essa figura e o mistério que envolve sua vida, morte e identidade nunca descoberta. Sendo assim, podemos concluir que Wolverine e Gambit: Vítimas não segue uma premissa totalmente original, mesmo que tenha como base uma proposta interessante.

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E, sem muito rodeio, acredito que “interessante” seja o melhor adjetivo que eu possa usar para falar sobre a trama dessa minissérie, que tenta ser um thriller investigativo, mas não consegue passar da camada superficial. Falta aprofundamento para engajar a leitura, coragem para tomar decisões mais relevantes e até para explorar melhor as possibilidades que está propondo. Afinal, no final da primeira edição, tanto a cidade quanto o paralelo do novo assassino com o Estripador são deixados de lado e não faz diferença nenhuma. O roteiro facilmente poderia se passar nos Estados Unidos e o serial killer ser inspirado no BTK que não faria diferença nenhuma.

A verdade é que a ambientação foi mal explorada pelo Jeph Loeb e, aquilo que poderia ser um diferencial para seu argumento, acabou passando batido. Da mesma forma que, na minha opinião, ele desperdiçou muito a possibilidade de construir um mistério instigante, pois é revelado muito cedo que existe um vilão participando indiretamente das situações.

Se existe um ponto positivo sobre o enredo é a piscadela para o que, futuramente, seria explorado melhor em O Velho Logan. Não posso me aprofundar muito para não dar spoilers, porém, acredito que a cerne de um recurso que vem a ser mais explorado em outras histórias como Wolverine: Inimigo Do Estado está presente aqui. 

Por sua vez, a narrativa acaba cumprindo seu papel. Não tem nada de especial, algumas vezes é apressada, mas não compromete totalmente o texto. Você consegue consumir o quadrinho com bastante facilidade, sem ficar confuso ou sentir que pularam algum acontecimento. 

Na verdade, é até fácil sentir que está lendo duas vezes a mesma coisa. Isso porque, das 4 edições compiladas no encadernado, apenas a primeira não conta com uma espécie de recordatório. Todas as outras dedicam cerca de quatro páginas para lembrar os acontecimentos da edição anterior. 

Numa minissérie onde cada edição tem 26 páginas, aproximadamente, isso acaba fazendo com que os acontecimentos sejam acelerados para manter a coerência, ao mesmo tempo em passa a sensação de repetição em quem lê todas as histórias de uma só vez.

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Em relação a arte do Tim Sale também não acho que Wolverine e Gambit: Vítimas esteja entre seus melhores trabalhos. Existem momentos muito bons onde os desenhos saltam os olhos em páginas duplas ou mesmo quando tomam conta de uma página inteira. Em momentos mais intimistas, os detalhes fazem toda a diferença; seja na utilização de sombras para compor a narrativa visual e ajudar a construir o clima ou mesmo na diagramação personalizada dos seus quadros, que geralmente funcionam bem.

Acredito que os desenhos seja o ponto que mais possa gerar divergência entre os leitores. No meu ponto de vista é “ame ou odeie”, uma vez que o traço combina elementos cartunescos com um estilo mais realista. Quem está acostumado com os trabalhos de Sale vai se sentir em casa. Eu particularmente adorei, mas entendo completamente quem não curtir. Ele foge da estética padrão das revistas de herói dos anos 1990.

Wolverine e Gambit: Vítimas está muito longe de ser um clássico absoluto. Peca em não aproveitar as boas ideias, se apoia em clichês e tropos batidos (como seu final que tropeça no recurso problemático conhecido como Women in Fridge). Mesmo assim, garante pontos por ter uma arte admirável, capaz de carregar a narrativa apressada e sem muitos atrativos.

Um quadrinho xoxo, capenga, frágil e inconsistente… com um certo charme. Se você quiser conferir o material que compila as quatro edições de Wolverine e Gambit: Victims, sugiro que aguarde uma promoção. A partir de uns R$ 30 considero um preço justo.


Onde comprar Wolverine e Gambit: Vítimas

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Nota e informações
wolverine-e-gambit-vitimas<b>Título:</b> Wolverine E Gambit: Vítimas<br> <b>Autores:</b> Jeph Loeb e Tim Sale<br> <b>Editora:</b> Panini Comics<br> <b>Páginas:</b> 104 páginas<br> <b>Gênero:</b> Quadrinhos<br> <b>Ano de publicação:</b> 2021<br> <b>Classificação Etária:</b> 12 anos